quarta-feira, 8 de agosto de 2007

Cosmopolitismo Infantil

Neste século XXI, alguns dos objectivos e promessas da modernidade continuam por atingir e cumprir, e outros reptos se adivinham, para os quais as soluções actualmente apresentadas e adoptadas, não o satisfazem nem cumprem. No entanto, face a um cenário complexo sobre a situação mundial da infância e as dificuldades que se apresentam aos diversos Estados na promoção e garantia dos direitos da criança, desenvolve-se no espaço-tempo mundial uma cultura de resistência. Há princípios alternativos face às estruturas e às práticas político-jurídicas hegemónicas, o que Boaventura de Sousa Santos denomina política e legalidade cosmopolita subalterna, que se caracterizam por dois processos fundamentais: a globalização contra-hegemónica, que é a acção colectiva “que opera através de redes transnacionais de ligações locais/nacionais/globais” e as lutas locais ou nacionais (2005, p.8).
O autor defende o cosmopolitismo, um dos processos de globalização contra-hegemónicos, como a “organização transnacional de resistência de Estados-Nação, regiões, classes ou grupo sociais vitimizados pelas trocas desiguais” (2002, p. 71-75), ou seja, são todas as formas de intensificação das acções (solidariedade global), contra a opressão, exploração, contra situações de poder desigual, de inclusão subalterna, a despromoção, onde os que não têm poder se organizam, como, por exemplo, as organizações transnacionais de direitos humanos, os movimentos e associações de defesa dos direitos das crianças, entre outros. É uma globalização contra-hegemónica, por esse motivo apresenta-se-lhe muita resistência, que inclui “vítimas, por exemplo, de discriminação sexual, étnica, rácica, religiosa, etária, etc.
No que diz respeito à infância e às crianças, podemos afirmar que existe, ainda que incipientemente, um espaço de luta pelos direitos da criança: o cosmopolitismo infantil. Podemos considerar que já existe um movimento de luta pelos direitos da criança que se revê, por um lado, no papel e em diferentes repertórios de acção desempenhados por diversas organizações, grupos religiosos, programas governamentais, programas privados, áreas científicas, entre outras. Por outro lado, revê-se na acção de actores sociais de mudança, como o Fórum Social Mundial e os movimentos sociais, e em iniciativas como a Marcha Global.

Nenhum comentário: