domingo, 19 de agosto de 2007

Investigação com crianças

Assistimos no final do século XX e princípios do século XXI a uma crise mundial e à emergência e desenvolvimento de apelos simbólicos a favor de populações excluídas, como é o caso das crianças e dos seus direitos. Este apelo acabou por se institucionalizar através de práticas globais. A ideia de direitos das crianças, tal como a de direitos das mulheres, ou direitos das vítimas e direitos humanos em geral, tem sido tipicamente associada a políticas progressistas preocupadas com a luta contra a opressão e a desigualdade e à ideia de esperança, no sentido em que Bloch (1995) defendia a utopia como a próxima realidade, ou seja, a necessária e contínua prospecção de esperança no sentido de garantir e promover os direitos das crianças. Agora mais que nunca não se trata apenas do direito mas o dever de construir e realizar a utopia, mesmo que essa seja a única coisa que nos resta fazer.
Não há um caminho único no trabalho de investigação com crianças. É necessário superar essa concepção, apresentando uma interpretação e significados contextualizados e com carácter provisório, a partir do trabalho em parceria com as crianças e do pressuposto da inter e intra disciplinaridade e da conjugação dos esforços e das experiências, que já estão a acontecer em diversas paragens, no sentido de contribuir para uma compreensão das crianças e da infância.
Neste sentido é necessário começar por identificar as imagens e concepções de infância que constituem um obstáculo à participação das crianças e indagar formas de superar esses mesmos obstáculos, já que esse processo não poderá ser feito sem a participação das mesmas.

Nenhum comentário: